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terça-feira, 10 de novembro de 2009

A Medalha Possível

[texto editado na revista ES Brasil, do Estado do Espírito Santo]


‘O futuro não pode ser previsto, mas pode ser inventado. É a nossa habilidade de inventar o futuro que nos dá esperança para fazer de nós o que somos’ – Dennis Gabor.
Dennis Gabor [5.06.1900 ~ 9.02.1979], físico húngaro, nascido em Budapeste e naturalizado britânico, foi graduado pelo Imperial College of Science and Technology, de Londres e criou a holografia em 1949 o que lhe rendeu o Prêmio Nobel de Física no ano de 1971.
Busquei esta frase porque estava me lembrando de alguém, dirigente de uma média empresa que opera no mercado de projetos de engenharia, que estava com certa inquietação pelo fato de que sua organização ainda não havia feito grandes avanços em apoio a projetos junto a sociedade.
Ficamos por um tempo discutindo opções que pudessem satisfazer aquele desejo pelas ações socialmente responsáveis e acabamos por descobrir que muito pode ser feito com muito pouca coisa, o que aproveito neste momento para desmistificar a máxima de que as coisas só podem ser feitas com algum dinheiro.
Então, o que pode fazer da minha empresa uma ‘organização colecionadora de medalhas’ na área do desenvolvimento social, em apoio a projetos junto as comunidades? Não é muito fácil responder a uma pergunta como essa com tão poucas linhas.
Tenho compreendido que antes que qualquer empresa seja ‘socialmente responsável’, alguém que a dirija já terá que ter sido ‘picado’ pelo mosquito da responsabilidade social. Antes de mais nada, essa liderança empresarial precisa ter o coração preparada. Muitas empresas têm atuado junto as questões sociais apenas por causa dos requisitos, pela presença de pressão social ou por qualquer outro instrumento constrangedor. Quando o empresário tem o seu coração sensível do quanto pode, com os recursos em suas mãos, ser instrumento de transformação social, todos os demais argumentos se esgotam. Este, então, pode ser o primeiro requisito rumo à medalha social: ter um coração sensível.
Sabemos que empresários não têm tempo, nem mesmo para sua família. Uma agenda equilibrada pode levar o dirigente a dedicar o tempo necessário para a sua parentela, mas também para conhecer o tema da responsabilidade social. Muitas atitudes deixam de ser tomadas por desconhecimento, por medo de estar jogando dinheiro fora, por mero preconceito, dentre outros. É mister que se dê o primeiro passo, o do conhecimento do tema, mas para isso tem-se que eliminar o medo e o preconceito.
O aparelhamento de uma empresa pode propiciar a realização de grandes e importantes avanços na promoção de parcerias sociais bem sucedidas. Grandes projetos não são, necessariamente, resultado de grandes investimentos financeiros. Poderíamos citar um tanto de recursos que poderiam ser colocados ao dispor de projetos de sucesso, ganhadores de medalhas: sucatas e resíduos, mobiliário e ou equipamentos alienados, espaços físicos que podem ser colocados ao dispor da sociedade como salas de aula etc, profissionais com algum tempo de ociosidade e que poderiam prestar algum tipo de serviço social no horário do expediente, competências técnicas que poderiam ser compartilhas com grupos de jovens ou pessoas desempregas na área de influência da empresa, dentre outros. Ops! Dinheiro, também; caso haja disponibilidade. Assim, o terceiro requisito seria: considerar-se capaz de agir.
Uma frase muito conhecida é a de que ‘uma andorinha sozinha não faz verão’. Mas pode fazer muita coisa. Na verdade, gostaria de afirmar que há muita gente que gostaria de trabalhar em conjunto com outros parceiros sociais. É possível projetos em parceria com Instituições Sociais já presentes nas comunidades vizinhas, que envolvam a prefeitura do município, o Ministério Público. Então, olhar para fora, tanto para as carências quanto para as potencialidades, pode nos ajudar a sonhar com a construção de uma sociedade melhor. Construir um projeto partilhado poderia ser então o nosso quarto requisito.
E agora, precisamos testar nossa capacidade de interlocução. Quando uma empresa tem a ‘ficha suja’ perante a sociedade isto pode não ser tão fácil. Temos que limpar nosso nome do SPC social. Depois de constatado de que não há pendências que mantenham as portas fechadas, precisamos iniciar os procedimentos de articulação social junto as comunidades vizinhas, aos gestores municipais e junto aos demais possíveis parceiros. Assim, o quinto quesito é ‘realizar uma articulação social’.
O melhor laboratório para as ações sociais de uma empresa junto a comunidade é o ambiente interno. Avaliar a satisfação de colaboradores internos, verificar a qualidade de vida de seus empregados, as questões relacionadas a segurança no trabalho etc é o melhor atestado e o que vai fazer da empresa um exemplo para outras partes interessadas, os stakeholders como são conhecidos. Dessa forma, o sexto quesito é ‘fazer o dever de casa’.
Para que o sétimo requisito seja efetivado precisaremos vencer a inércia e começar.
Enfim, gostaria de informar que além de instituições e profissionais capacitados no mercado, a empresa tem ao seu dispor recursos que não lhe custarão qualquer sacrifício de qualquer ordem. O Instituto Ethos – www.ethos.org.br – tem disponibilizado instrumentos, manuais e ferramentas extremamente importantes para que a empresa medalhista comece pelo seu primeiro ‘ouro’.
Vai campeão!