Translate Now

domingo, 8 de janeiro de 2012

A Batalha dos Deuses ou As Dez Pragas do Egito

Artigo compilado de 'Revista do Curso Popular, janeiro-fevereiro-março de 1980, pásginas 16 a 20, com pequenos ajustes.
--------------------------------------------------------------------------------
Os objetivos das pragas - O Senhor feriu o Egito com dez pragas, que evidenciaram o julgamento de Deus sobre aqueles que oprimiam o Seu povo, e sobre os ídolos cultuados ali.

Aprendemos pela Bíblia e pela experiência cristã, que os atos de Deus se revestem de objetivos bem definidos. Deus não age por acaso, nem por mero capricho. Daí podermos destacar, dentre outros, dois grandes objetivos de Deus ao enviar as pragas sucessivas numa verdadeira Batalha contra Faraó e contra os deuses do Egito:

Primeiro Objetivo - manifestar Sua plena soberania - quando Moisés e Arão se apresentaram a Faraó, em nome do Senhor, pleiteando a saída do povo, o rei do Egito respondeu com insolência e desprezo: 'Quem é o Senhor para que lhe ouça a voz, e deixe ir a Israel? Não conheço o Senhor, nem tampouco deixarei ir a Israel. Êxodo 5.2. Através das pragas, Deus revelou Sua magestade aos egípcios e aos demais povos da terra Êx 7.5 e 9.15-16]. As pragas provaram que Jeová era o Deus Soberano do Universo, Soberano sobre as forças da natureza, sobre Faraó e sobre os egípcios e seus deuses.

Damos aqui uma lista das pragas, com os deuses que foram atingidos por elas: SANGUE, contra o deus Nilo, rio sagrado para os egípcios; RÃS, contra a deusa Hequite, representada por uma rã; PIOLHOS, contra Khepera, o deus que defendia o povo dos piolhos; MOSCAS, contra Seb, a deusa da terra; PESTE nos animais, contra o boi Ápis, um dos deuses mais elevados; ÚLCERAS, contra a deusa Neit, em cujo culto os sacerdotes egípcios espalhavam cinza como sinal de bênçãos; SARAIVA, contra Ísis e Ozíris, os deuses da água e do fogo; GAFANHOTOS, contra Ísis e Serapis, protetores do país contra os gafanhotos; TREVAS, contra Rá, o deus sol; MORTE dos primogênitos, golpe final contra todos os deuses do Egito [Êx 12.12], especialmente contra Faraó, considerado divindade entre o povo egípcio.

Segundo Objetivo - fortalecer a fé no coração de Israel - este foi, sem dúvida outro objetivo de Deus ao ferir o Egito com as pragas mencionadas [Dt 7.17-19]. Por muitos anos, Israel convivera com a idolatria campeante no Egito. Isso, naturalmente haveria de influenciá-lo, negativamente [Êx 32.1-8]. Por tudo isso, o Senhor se revela a Israel, procurando despertar e fortalecer-lhes a fé. Havia duas coisas que os israelitas tinham de aprender nesse estágio de sua história: só o Senhor é Deus [Dt 6.4]; este Deus único é também poderoso para livrar e conduzir o Seu povo de vitória em vitória [Êx 18.9-11].

A oposição dos Magos - na batalha travada pelo Senhor e Seus servos contra os deuses do Egito e a opressão de Faraó, salienta-se a participação dos magos contra os planos de Deus. Esses magos eram elementos influentes na vida religiosa de seu país e gozavam da confiança de Faraó. Seus nomes nos são revelados em I Tm 3.8, bem como o caráter de amboos e o fim de sua oposição.

A natureza dessa resitência à verdade é particularmente solene. A oposição que Janes e Jambres fizeram a Moisés consistiu simplesmente em imitar, até onde lhes foi possível, tudo aquilo que ele fazia. Não vemos que eles atribuíssem a um poder enganador ou mau os sinais que ele fazia, mas antes que procuraram neutralizar os seus efeitos sobre a consciência, fazendo eles as mesmas coisas.l O que Moisés fazia, também eles o podiam fazer, de modo que, afinal não havia grande diferença. Um era tão bom como os outros. Um milagre é um milagre. Se Moisés fazia milagres para tirar o povo do Egito, eles podiam fazer milagres para os obrigarem a ficar no país. Onde estava, pois, a diferença?

Considerando as diversas formas de oposição de Satanás à verdade de Deus, vemos que o seu método tem sido sempre, em primeiro lugar, opor a violência; e, depois, se este método falha, corrompê-la por meio de imitação. Por isso, procurou em primeiro lugar matar Moisés [capítulo 2.15], e tendo falhado em realizar o seu propósito, procurou imitar as suas obras. O mesmo aconteceu com a verdade confiada à igreja de Deus. Os primeiros esforços de Satanás manifestaram-se em ligação com a ira dos principais sacerdotes e anciãos do povo por meio do tribunal, o cárcere e a espada. Porém, na passagem que reproduzimos da II Epóstola de Timóteo não se faz menção de tais processos. A violência aberta foi substituída por um meio muito mais astuto e perigoso de uma profissão vazia, ineficaz de imitação. O inimigo, em vez de se apresentar com a espada da perseguição na mão, passeia com o manto da profissão sobre os ombros, professando e imitando aquilo que em outro tempo combateu e perseguiu; e, por este meio consegue vantagens assombrosas no tempo presente. As formas horríveis que o pecado moral tem revestido, e que de século para século tem manchado as páginas da história da humanidade, longe de encontrarem apenas naqueles lugares onde naturalmente poderiam buscar-se, nos antros e cavernas das trevas humanas, acham-se cuidadosamente ocultas debaixo das pregas do manto de uma profissão fria, impotente e sem influência, e esta é uma da sobras primas de Satanás. É natural que o homem, como ser caído e corrompido, seja egoísta, cobiçoso, vaidoso, altivo; mas que seja tudo isto sob a capa formosa da 'aparência de piedade' denota a energia especial de Satanás na sua resistência à verdade 'nos últimos dias'.

As insinuações de Faraó - a partir da hora em que os magos confessam sua incapacidade para resistir, Faraó tenta negociar com Moisés a ordem divina [Êx 8.19]. Em todas as tentativas está presente a idéia de segurar o povo nas terras do Egito, desvirtuando-lhe o sentido amplo de santificação, adoração e serviço ao Senhor. Em síntese, são essas as insinuações de Faraó:
Sacrificar no Egito [Êx 8.25] - é desnecessário acentuar aqui que, quer sejam os magos com a resistência que opõem ou Faraó com as suas objeções, é realmente Satanás que está atrás de toda esta cena; e o seu objetivo, nesta proposta de Faraó, consistia em impedir o testemunho do nome do Senhor- um testemunho ligado com a separação completa entre o Seu povo e o Egito. É evidente que um tal testemunho não podia ser dado se eles tivessem continuado no Egito, ainda mesmo que tivessem oferecido sacrifícios ao Senhor. Os israelitas ter-se-iam então colocado no mesmo terreno que os egípcios, e teriam posto o Senhor ao mesmo nível dos deuses do Egito. Então os egípcios poderiam ter dito aos israelitas: 'não vemos nenhuma diferença entre nós; vós tendes o vosso culto, e nós temos o nosso; é tudo a mesma coisa'.
Não ir longe [Êx 8.28] - não podendo retê-los no Egito, procurava ao menos  retê-los perto das fronteiras, para poder agir contra eles por meio das diversas influências do país. Desta forma opovo podia ser reconduzido e o testemunho mais facilmente aniquilado do que se eles nunca tivessem saído do Egito. Por esse motivo, se as pessoas não estão dispostas a ir longe, é melhor não partirem.
Ir sem os filhos [Êx 10.8-11] - os pais no deserto e os filhos no Egito! Que terrível anomalia! Isto teria sido apenas libertação parcial, ao mesmo tempo inútil para Israel e desonrosa para o Deus de Israel. Isto não era possível. Se os filhos fossem deixados no Egito, não se podia dizer que os pais os tivessem deixado. Tudo quando podia dizer-se, em tal caso, era que em parte eles serviam ao Senhor e em parte a Faraó. Porém, o Senhor não podia ter parte com Faraó. Era necessário que possuísse tudo ou nada. Eis aqui um princípio para os pais cristãos.
Servir sem os bens [Êx 10.24] - não podendo reter os servidores, procurava ficar com os meios que eles tinham para servir, pensando obter o mesmo resultado por um meio diferente. Já que não podiam induzí-los a oferecerem sacrifícios no país, queria enviá-los fora do país sem vítimas para os sacrifícios. A resposta de Moisés a esta última objeção de Faraó dá-nos um relato dos direitos soberanos do Senhor sobre o Seu povo e tudo que lhes pertence. Moisés, porém, disse: tu também darás em nossas mãos sacrifícios e holocaustos, que oferecemos ao Senhor nosso Deus. E também o nosso gado há de ir conosco, nem uma unha ficará; porque daquele havemos de tomar parte para servir ao Senhor nosso Deus; porque não sabemos com que havemos de servir ao Senhyor, até que cheguemos lá [versículos 25 e 26]. É somente quando o povo de Deus toma o seu lugar, com fé simples e infantil, sobre o terreno elevado em que a morte e ressurreição os colocou, que podem ter um conhecimento adequado dos Seus direitos sobre eles.

Conclusão - antes mesmo que Moisés chegasse à presença de Faraó, Deus já sabia que o rei do Egito não facilitaria a saída do povo [Êx 3.19]. Por isso mesmo, a indisposição de Faraó seria usada por Deus para a manifestação de Sua glória. Mas naquela batalha memorável, Deus não apenas obteve a vitória para o Seu povo; firmou também o princípio que encoraja e tranquiliza os Seus servos em todas as épocas e lugares: Ele é o Senhor que peleja por nós [Dt 1.30].