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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O Princípio da Reciprocidade

Um dia desses ouvi de um ministro da Palavra sobre os Mandamentos Recíprocos. Achei aquela expressão, no mínimo, curiosa. Tenho 33 de vida cristã na chamada ‘igreja evangélica’. Nos anos anteriores havia experimentado o vinho da ‘igreja romana’. Nem aqui e nem lá eu havia ouvido tal expressão.

Não descansei enquanto não me dediquei a pesquisar um pouco mais, mesmo que ainda não exaustivamente. Foi muito bom o que descobri, sobretudo porque vieram informações que reforçaram aquilo que eu já sabia.

Acho que cada de nós tem sua faceta ‘hipócrita’. Ao menos, falo por mim mesmo. Tem-se conhecimento da Palavra de Deus, mas, na hora de colocá-la em prática, priorizam-se os argumentos do momento, os desejos que se passam na alma. Mas, sempre é tempo de uma revisão entre aquilo que se é pensado, sabido e crido com aquilo que se pratica.

O Princípio da Reciprocidade fala da forma como vivemos enquanto Corpo de Cristo, em nossa relação uns com os outros. E, isso vale para todo o tipo de relacionamento e pode ser expandido até mesmo quanto ao nosso relacionamento com o planeta.

As coisas não aparecem, são geradas. Os sonhos são sonhados até virem à realidade; filhos nascem de um relacionamento entre homem e mulher [falamos daquilo que é natural, dentro do projeto original de Deus; hoje a ciência admite outras metodologias, todas dentro do conceito da semeadura; crianças não vêm com um ‘abracadabra’ científico]; guerra e paz decorrem de atos que os tenham motivado etc. Nós colhemos daquilo que plantamos, e o que vem à luz revela a qualidade da semente.

Muitas vezes queremos que pessoas nos tratem com determinado nível de honra e respeito quando nós não semeamos honra e respeito em relação a elas. Se dedicarmos atitudes de aversão, arrogância, desdém ou qualquer outro comportamento socialmente incorreto, como poderemos esperar que nos dêem amor, carinho, afeto, fidelidade, lealdade? A depender da relação hierárquica, essas coisas poderão vir por causa da bajulação, do medo, do interesse pessoal, mas somem como nuvem, não se sustentam porque não são comportamentos gerados com as sementes do amor.

Há uma expressão cunhada por Jesus na qual declara que ‘tudo que quisermos que os homens nos façam, façamos também nós. Este texto encontra-se no Evangelho de Mateus 7.12. Para o tipo de relacionamento social que tem se estabelecido ao longo da história humana, sobretudo nos tempos atuais em que os homens têm se tornado cada vez mais egoístas, esta expressão é, no mínimo, estúpida, e isso porque nós queremos primeiramente que sejamos atendidos em nossas demandas, enquanto que não ficamos nem um pouco estressados em dar o primeiro passo. Isso vale para dar amor, ao invés de estar sempre esperando que alguém nos ame; dar perdão, ao invés de estar sempre esperando que alguém venha correndo nos pedir desculpas; dar algum tipo de reconhecimento, ao invés de viver sempre na expectativa de que a qualquer momento alguém venha nos agradar com algum presentinho.

Aquilo que queremos receber depende da forma como semeamos. Não colheremos aquilo que não plantamos. Plante um péssimo relacionamento com a sua esposa que experimentará, então, pão com ovo todos os dias na sua dieta alimentar, fora outras perdas.

E por falar em marido e esposa, encontramos também o Princípio da Reciprocidade no relacionamento conjugal, sim senhor. O apóstolo Paulo em sua carta aos Coríntios – I Carta 7.3-5 – escreve que o homem deve cumprir o seu dever como marido, mas completa que a mulher também deve cumprir o seu dever como esposa. Isto é o que chamamos de via de mão dupla. O objetivo deste texto é mostrar como é comum na Bíblia a expressão ‘uns aos outros’ para representar que não estamos sozinhos no Planeta Terra, no ‘Planeta Igreja’, no ‘Planeta Família’ etc, e que precisamos encarar o quanto somos importantes uns para com os outros.

Voltando ao texto do apóstolo Paulo, no verso 4 ele afirma que a esposa não manda no seu próprio corpo e que quem manda é o seu marido. Nesse ponto, os maridos dominadores celebram, soltam foguetes. Mas, a boa notícia é que Paulo emenda que também o marido não manda no seu corpo, mas quem manda é a sua esposa. Por fim, que os dois não se neguem um ao outro [reciprocidade], a não ser que concordem [reciprocidade] a fim de se dedicarem à oração [reciprocidade], para que, depois, voltem [reciprocidade].

A expressão ‘uns aos outros’, tema focal destas considerações aparece por cinqüenta e cinco vezes somente no Novo Testamento.

Em relação aos ‘tempos do fim’, lemos que os homens trairão uns aos outros e se odiarão mutuamente, conforme Mt 24.10. Em um dos textos apocalípticos, lemos que a paz será removida e que os homens matar-se-ão, uns aos outros, conforme Ap 6.4. E, por fim, que haverá um tempo em que as pessoas viveram harmonicamente e que enviarão presentes uns aos outros [Ap 11.10].

A expressão foi muito utilizada pelos evangelistas. Expressões como ‘diziam uns aos outros’ aparecem em dez ocasiões para demonstrar como as palavras de Jesus, bem como os seus atos, deixavam as pessoas em estado de perplexidade, então interagiam em comentários sobre o que estavam vendo e ouvindo. Juntavam-se, então, para entender o que estava acontecendo no seu tempo, instruíam-se mutuamente, cotejavam suas percepções reciprocamente. E, também, atropelavam-se no afã de se achegarem ao Senhor, conforme Lc 12.1. Os textos em que a mutualidade é revelada encontram-se em Mc 4.41 e 9.10; Lc 2.15, 7.32 e 8.25; Jo 4.33, 11.56, 16.17 e 19.24; e, At 2.7.

Encontramos mais duas vezes a expressão ‘uns aos outros’ no livro de Atos dos Apóstolos: At 19.38 e 28.4.

Fica, então, para esta parte final destas considerações, o que aquele pregador chamou de Mandamentos Recíprocos. Eu os coloco apenas de forma itemizada, sem quaisquer inserções de considerações pessoais, o que deixo para o leitor desenvolver seus próprios pontos de vistas, sua avaliação acerca de que atitudes ainda falta adotar, acerca daquelas que já vêm sendo aplicadas em sua vida cotidiana e quanto às que têm sido de difícil adoção e que deverão entrar em sua lista pessoal de oração:

Amemo-nos uns aos outros – Jo 13.34, 13.35, 15.12 e 15.17; I Ts 4.9; I Pe 1.22; I Jo 3.11, 3.23, 4.7, 4.11, 4.12 e II Jo 1.5.

Dívida mútua do amor – Rm 13.8

Amor fraternal e honra mútuos – Rm 12.10

Saudemo-nos com ósculo santo – Rm 16.16, I Co 16.20, II Co 13.12 e I Pe 5.14

Lavemo-nos os pés – Jo 13.14

Recebamo-nos – Rm 15.7

Admoestemo-nos – Rm 15.14, Cl 3.16, Hb 10.25

Sirvamo-nos – Gl 5.13

Suportemo-nos – Ef 4.2

Perdoemo-nos – Ef 4.32, Co 3.13

Sujeitemo-nos – Ef 5.21, Cl 3.13, I Pe 5.5

Consolemo-nos – I Ts 4.18

Exortemo-nos – I Ts 5.11, Hb 3.13

Consideremo-nos – Hb 10,24

Quanto às culpas, confessemo-nos – Tg 5.16

Com relação a atitudes que não devemos adotar:

Não julguemo-nos – Rm 14.13

Não destruamo-nos – Gl 5.15

Não irritemo-nos nem invejemo-nos – Gl 5.26

Não mintamos uns aos outros – Cl 3.9

Não nos odiemos como antigamente – Tt 3.3

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