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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

A reação da pornografia ...

Na vida dos Homens - Na vida das Mulheres - Na vida de Jovens e Adolescentes - Na vida de Crianças



Abuso Sexual


A boa repercussão do meu artigo "Abuso Psicológico", publicado em O Globo, entusiasmou-me a escrever sobre outras formas de maus-tratos contra crianças, praticados pelos próprios pais: o abuso físico e o abuso sexual.


Começamos com este último.


O abuso sexual é toda situação em que um adulto se utiliza de uma criança ou adolescente para seu prazer sexual. Pode haver ou não contato físico.


O abuso sexual intrafamiliar é a forma mais freqüente. Ocorre em todos os países do mundo, em todas as classes. Na maioria das vezes é praticado por alguém que a criança conhece, confia e ama, ou seja, o pai, padrasto, tio, avô, ou alguém íntimo da família, contra uma criança do sexo feminino. Mas meninos também são freqüentemente abusados.


De difícil diagnóstico, não deixa marcas físicas, na maioria das vezes, mas marca a criança para toda a vida. O abusador, um pedófilo assumido ou não, age geralmente sem violência, seduzindo e ameaçando veladamente. Busca a parceira da criança. O abuso pode durar anos, só cessando quando a criança já uma adulta, se liberta daquela relação patológica.


A mãe freqüentemente sabe, ou pressente o que ocorre, mas não faz nada por medo ou por não acreditar que aquilo possa ocorrer. A criança freqüentemente tenta falar com a mãe, mas ela não acredita. É comum buscar tratamento psicológico para a criança, que em razão do que ocorre, apresenta distúrbios do comportamento como, manifestações de erotização precoce, introversão, depressão, ansiedade, mau aproveitamento escolar. É comum um adulto abusado sexualmente na infância, lamentar-se porque a sua mãe não o escutou.


A criança vítima sofre profundamente com medo, culpa e remorso. Mas quem pratica o abuso é uma pessoa que ela ama. Não pode entender o que está acontecendo. O abuso sexual intrafamiliar ocorre em todas as classes sociais. O pedófilo é um indivíduo que aparenta normalidade e está inserido na sociedade. Mas a pedofilia é uma psicopatologia, um desvio da sexualidade de caráter compulsivo e obsessivo, em que adultos têm uma atração sexual por crianças e adolescentes.


Alguns filmes conhecidos servem para ilustrar a questão. No americano Felicidade, são retratadas as atividades pedófilas de um médico famoso, abusando dos colegas do seu filho de dez anos de idade. No dinamarquês Festa de Família, o filho mais velho denuncia à família, que o patriarca, abusou sexualmente dele e de sua irmã, que em conseqüência se matou. No inglês Zona de Conflito, uma adolescente de classe média é abusada pelo pai durante anos.


É oportuno lembrar ainda o clássico, Bela da Tarde, no qual a personagem principal Catherine Deneuve, apresenta grave distúrbio da sexualidade, com comportamento sado-masoquista, aparentemente, em conseqüência de abuso sexual sofrido na infância.


Para combater o abuso sexual intrafamiliar é necessário antes de tudo aceitar que ele é freqüente e pode ocorrer em todas as famílias. É necessário que a criança aprenda a conhecer o seu próprio corpo desde pequena. E antes de tudo é preciso que as mães acreditem nas suas filhas, mesmo que lhes pareça absurdo o que estão contando.


Dificilmente o abuso sexual é descoberto por pessoas alheias à família. É um ato protegido por um verdadeiro muro de silêncio, que resguarda a família, mas impede a proteção da criança. Descoberta a situação é importante lembrar que o pedófilo é um doente que deve ser tratado, além de afastado da sociedade.


A forma mais comum de abuso sexual extra-familiar é a exploração sexual comercial de crianças e adolescentes - a prostituição infantil. Aqui, além da criança, vítima do pedófilo, há um outro personagem, o aliciador. Este é um criminoso que ganha dinheiro com a venda do sexo de crianças e adolescentes.


O uso sexual comercial de crianças e adolescentes ocorre em todo o mundo. Em muitos países há uma certa aceitação cultural da prostituição infantil. Recordo-me que em palestra há alguns anos atrás, afirmei que essa era a pior forma de violência contra criança. Um participante, perguntou-me se não era pior, aquela criança chegar a casa sem um tostão e com a família na miséria.


Muitos ainda vêem a prostituição infantil como uma forma de trabalho. No Brasil, a Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, vem combatendo eficazmente a exploração sexual de crianças. O telefone 0800990500, colocado à disposição da população, para denúncias, anônimas gratuitas e de todo o país, vem possibilitando mapear a situação, pela primeira vez. A partir das denúncias verificou-se, por exemplo, que o turismo sexual corresponde a menos de 6% das denúncias. Na realidade a criança brasileira é explorada por brasileiros. A exploração sexual de crianças ocorre em todo o país, atingindo desde municípios pequenos até as capitais.


A região sudeste, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, é responsável por quase 50% das denúncias. Em 14% dos casos a família é a intermediária. As denúncias após serem registradas são repassadas para as entidades de todo o país. Lamentavelmente, o denunciante muitas vezes alerta para o envolvimento de atividades locais, inclusive policiais. Essa é uma das razões porque poucas investigações e resultados concretos são obtidos. A partir desse ano o Ministério da Justiça, através da ABRAPIA e de inúmeras instituições de todo o país, estão envolvidas em um intenso trabalho de sensibilização e mobilização da mídia e da população em geral para o tema, na capacitação de profissionais e no monitoramento das denúncias, para se chegar à proteção da criança e à punição dos criminosos.


O abuso sexual intrafamiliar, porta de entrada para prostituição infantil, está sendo enfocado em todo o país. É necessário capacitar profissionais para o seu difícil diagnóstico. Esta tem sido outra meta do Ministério da Justiça.


Uma forma moderna da exploração sexual de crianças e adolescentes é a pornografia divulgada através da Internet. O uso desse democrático e eficiente meio de comunicação pelos pedófilos é uma realidade.


Fotos de crianças nuas, praticando sexo com outras crianças, com adultos e até com animais são divulgadas pela rede. As denúncias de usuários revoltados são constantes. Uma delas foi emblemática. Referia-se a um jovem de classe média de São Paulo que não só divulgava fotos mas fazia a apologia e orientava, sobre como conquistar crianças de 10 a 12 anos, através do seu "Código do Boylover". Ele acabou preso em um acampamento de férias com fotos, vídeos e roupas de crianças.


Operações policiais no mundo inteiro são realizadas para coibir o uso criminoso da Internet. No entanto a própria liberdade de divulgação da rede impede ações eficazes. A preocupação internacional com a questão levou a UNESCO, no Brasil, a reunir pessoas e instituições no grupo FORÉTICA na Internet, com o objetivo de desenvolver ações e estudar legislações, que possibilitem cercear a liberdade dos usuários, impedir que a rede seja usada para tal fim.


Hoje a Internet se transformou no paraíso dos pedófilos. Através dela se comunicam, desenvolvem sua capacidade criativa, aliciam e favorecem a cultura da utilização sexual de crianças e adolescentes.


A satisfação sexual do pedófilo graças à rede é solitária e a princípio, obviamente limitada. Contudo, pelo caráter compulsivo e obsessivo de sua patologia, ele necessitará de procurar crianças para realizar seus desejos. A propósito deste tema, o filme "Vítimas da Internet" é oportuno, mostrando como adolescentes de classe média americana, são aliciadas, através de papos virtuais, românticos e sedutores, para o abuso sexual e a prostituição.


A participação dos próprios usuários da rede tem sido fundamental para levar à detenção desses criminosos. A produção e divulgação de fotos pornográficas de crianças e adolescentes, é crime previsto em lei, apesar das nuances legais, que ainda não tipificam a Internet como meio de comunicação.


O papel dos meios de comunicação, em especial da TV, na erotização precoce de crianças tem sido motivo de preocupação. A população questiona e espera sempre que algo se faça. Como na Internet a solução será a adoção de um compromisso ético dos produtores dos programas. Ninguém deseja a censura, mas todos esperam qualidade e controle na divulgação de sexo e violência em horários acessíveis a criança.


Lauro Monteiro Filho, médico pediatra e presidente da Abrapia


Rio de Janeiro, 09 de agosto de 2000.


Prática do sexo sem preservativos praticada por adolescentes


Uma em cada seis adolescentes tem uma vida sexual ativa sem utilizar qualquer contraceptivo, revela um estudo sobre as práticas anticoncepcionais das portuguesas, que apurou ainda uma maior utilização da pílula do dia seguinte pelas jovens.


A "Avaliação das Práticas Contraceptivas das Mulheres Portuguesas" é uma iniciativa conjunta da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG) e da Sociedade Portuguesa de Medicina de Reprodução (SPMR), cujos resultados definitivos foram apresentados terça-feira, Dia Internacional da Mulher.


Trata-se de um estudo nacional que envolveu cerca de 3900 mulheres, com idades entre os 15 e os 49 anos, residentes em Portugal Continental, Madeira e Açores.


Segundo os resultados preliminares desta avaliação, 16 por cento das adolescentes não fazem qualquer contracepção, apesar de serem sexualmente ativas.


A quantidade de mulheres que já recorreram ao uso de da pílula do dia seguinte aumenta à medida que diminui a sua idade: 11,2 por cento das mulheres já alguma vez recorreram à toma da pílula do dia seguinte, valor que aumenta para 32,9 por cento nas adolescentes.


Os autores do estudo consideram que esta conclusão expõe "claramente as deficiências na contracepção neste grupo em particular [adolescentes], onde uma gravidez não planeada poderá ter conseqüências mais significativas".


O presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, Daniel Pereira da Silva, disse à Agência Lusa que esta é uma das principais novidades da investigação e que a mesma "surpreende".


"Na nossa prática clínica temos a noção de que são as mulheres mais jovens que recorrem à pílula do dia seguinte, mas nunca esse fato foi espelhado em dados tão concretos", acrescentou.


O estudo aponta ainda para "limitações óbvias em nível do grau de conhecimento da população portuguesa em relação à contracepção em geral e à correta utilização dos diferentes métodos contraceptivos".


Por um lado, as mulheres portuguesas têm um "elevado grau de conhecimento em relação aos diferentes métodos contraceptivos disponíveis, com particular ênfase para a pílula, o preservativo masculino e a laqueação tubária, todos identificados por mais de 90 por cento das entrevistadas".


No entanto, outros métodos, como o adesivo transdérmico, o implante subcutâneo e o anel vaginal, foram menos identificados, tendo sido referidos por 50 a 60 por cento das entrevistadas.


A esmagadora maioria das mulheres (87 por cento) considera-se suficientemente informada sobre os métodos contraceptivos, mas estes valores são ligeiramente menores na população entre os 15 e os 19 anos.


A pílula é o método contraceptivo mais usado pelas entrevistadas (88,3 por cento), seguido pelo preservativo masculino (66,5 por cento).


Apesar da grande utilização da pílula, o estudo apurou que entre 24,1 por cento e 75 por cento das entrevistadas referiu que alguma vez não seguiu as indicações corretas em relação à utilização de métodos contraceptivos, tendo o valor mais alto sido registrado com a pílula.


Das que fazem uso de pílula [70,4 por cento das entrevistadas que estavam a fazer contracepção], três, em cada quatro, indicaram que já alguma vez tinham se esquecido de tomar este contraceptivo.


Este valor é maior entre as adolescentes, grupo em que nove em cada 10 usuárias se esqueceu alguma vez de tomar a pílula.


A maioria das entrevistadas (70 por cento) assumiu ter se esquecido de tomar a pílula um a três ciclos por ano, sendo que 15 por cento se esquece de tomar a pílula em todos os ciclos, número ainda mais elevado entre as adolescentes, onde foram alcançados valores na ordem dos 22 por cento.


Os autores do estudo realçam "um aspecto extremamente significativo": "Não obstante as entrevistadas se considerarem satisfeitas com a informação relativa a contracepção, 22,9 por cento já utilizaram o coito interrompido, um método reconhecidamente falível".


Mais de 80 por cento das entrevistadas entre os 15 e os 19 anos abordou o tema da contracepção na escola, contra apenas 17,9 por cento do grupo entre os 40 e os 49 anos, o que evidencia "uma tendência extremamente positiva".


Durante as entrevistas - recolhidas entre Novembro de 2004 e Fevereiro de 2005 - a maioria das entrevistadas a fazer contracepção situava-se entre os 20 e os 39 anos, com valores ligeiramente abaixo dos 77 por cento.


O estudo destaca o "elevado número de casos de adesão parcial, nomeadamente à contracepção oral, contribuindo para um maior nível de falências".


Este aspecto, comprovado igualmente pela elevada taxa de recurso a métodos de emergência como a pílula do dia seguinte, é particularmente grave entre a população adolescente.

Os resultados do estudo evidenciam "a necessidade de focalizar e incrementar as ações educacionais junto da população de maior risco e, ao mesmo tempo, de utilizar racionalmente outros métodos contraceptivos que possam proporcionar níveis mais elevados de adesão à terapêutica".


Segundo a investigação, 18,9 por cento das adolescentes e 35,9 por cento das mulheres entre os 20 e os 29 anos já suspeitou de uma potencial gravidez não desejada.


Fonte: Açoreano Oriental. 2 Março de 2005


Qual é o problema em gostar um pouco de pornografia?


Afinal, o que é pornografia mesmo? Alguém já disse que é mais fácil reconhecer a pornografia do que defini-la. Os dicionários nos dizem que pornografia é o caráter imoral ou obsceno de uma publicação. Material pornográfico é aquele que descreve ou retrata atos ou episódios obscenos ou imorais. Essas definições não ajudam muito, pois conceitos como "obscenos" e "imorais" são bastante subjetivos no mundo de hoje. Classificar material pornográfico em "soft" (nudez e sexo implícito) e "hardcore" (sexo explícito contendo cenas de degradação, violência e aberrações) só ajuda didaticamente. Para muitos, Playboy é uma revista pornográfica. Para outros, não. Entretanto, da perspectiva da ética bíblica, definição acima é mais que suficiente.


A popularidade da pornografia - É exatamente pela complexidade do assunto, agravado pela omissão de boa parte das igrejas no Brasil, que muitos evangélicos estão confusos quanto ao mesmo, e não poucos são viciados em alguma forma de pornografia. Aqui estão as minhas razões para essa constatação:


1) A tremenda popularidade da pornografia no mundo de hoje. Uma estatística de 1995 revelou que os americanos gastam mais em pornografia do que em Coca-Cola. Não é difícil de imaginar que a situação no Brasil não seria muito diferente. Até países antigamente fechados, como a China, em 1993 assistiu a uma enxurrada de material pornográfico em seus limites, após ter aberto, mesmo que um pouco, as suas fronteiras para receber ajuda estrangeira. Mensalmente, cerca de 8 milhões de cópias de revistas pornográficas circulam no Brasil. Em 1994 a venda de vídeos pornôs chegou perto de 500 milhões de dólares. Não é de se admirar que as locadoras reservam cada vez mais espaço nas prateleiras para vídeos pornôs. Segundo uma pesquisa, em 1992, 1 a cada 4 brasileiros assistiu a um filme de sexo explícito. 13% das mulheres entrevistadas fizeram o mesmo. Em 1995 esse número dobrou para os homens e aumentou um pouco em relação às mulheres.


2) A imensa facilidade para se conseguir material pornográfico no mundo de hoje. Como na maioria dos demais países "civilizados" (uma conhecida exceção é o Irã) material pornográfico pode ser encontrado e consumido facilmente no Brasil em diversas formas: cinema, canais abertos de televisão, televisão a cabo e no sistema "pay-per-view", Internet, fitas de vídeo, CD-ROMs com material pornográfico, gravuras, exposições de arte erótica, livros, revistas e videogames, entre outros. Parece não haver fim à criatividade do homem em utilizar-se dos avanços tecnológicos para a difusão da pornografia. Como disse o escritor francês Restif de la Bretone no século 18, "La dépravation suit le progrès des lumières" ("A depravação segue o progresso das luzes").


O que tem de mais em ver pornografia? Muito embora os evangélicos em geral sejam contra a pornografia (alguns apenas instintivamente) nem todos estão conscientes do perigo que ela representa. Menciono alguns [perigos] deles em seguida:


1) Consumir deliberadamente material pornográfico é violar todos os princípios bíblicos estabelecidos por Deus para proteger a família, a pureza e os valores morais. A própria palavra "pornografia" nos aponta essa realidade. Ela vem da palavra grega pornéia, que juntamente com mais outras 3 palavras (pornos, pornê e pornéuo) são usadas no Novo Testamento para a prática de relações sexuais ilícitas, imoralidade ou impureza sexual em geral. Freqüentemente essas palavras de raiz porn- aparecem em contextos ou associadas com outras palavras que especificam mais exatamente o tipo de impureza a que se referem: adultério, incesto, prostituição, fornicação, homossexualismo e lesbianismo. O Novo Testamento claramente condena a pornéia: ela é fruto da carne, procede do coração corrupto do homem, é uma ameaça à pureza sexual e devemos fugir dela, pois os que a praticam não herdarão o reino de Deus. A pornografia explora exatamente essas coisas — adultério, prostituição, homossexualismo, sadomasoquismo, masturbação, sexo oral, penetrações com objetos e — pior de tudo — pornografia infantil, envolvendo crianças de até 4 anos de idade.


2) Consumir deliberadamente material pornográfico é contribuir para uma das indústrias mais florescentes do mundo e que, não poucas vezes, é controlada pelo crime organizado. Segundo um relatório oficial em 1986, a indústria pornográfica nos Estados Unidos é a terceira maior fonte de renda para o crime organizado, depois do jogo e das drogas, movimentando de 8 a 10 bilhões de dólares por ano. Acredito que o quadro é ainda pior hoje. A indústria da pornografia apóia e promove a indústria da prostituição e da exploração infantil. O dinheiro que pais de família gastam com pornografia deveria ir para o sustento de sua família. Alguns podem alegar que consomem apenas material soft contendo somente cenas de nudez — esquecendo que esse material é produzido pela mesma indústria ilegal que produz e distribui a pornografia infantil.


Pornografia e a escalada da violência - Não são poucos os relatórios feitos por comissões de pesquisadores que denunciam a estreita relação entre a pornografia e a crescente onda de estupros, assédio sexual e exploração infantil nos países "civilizados". Vários dos temas mais comuns em pornografia do tipo hardcore incluem cenas de seqüestro e estupro de mulheres, geralmente com espancamento e tortura, além de outras formas obscenas de degradação. A mensagem que a pornografia passa aos consumidores é que quando a mulher diz "não" na verdade está dizendo "sim", e que se o estuprador insistir, ela não somente aceitará como também passará a gostar. Assim, a violência contra a mulher é exposta como algo válido e normal. A mulher é vista como objeto sexual a ser usado ao bel-prazer dos homens.


Uma outra forma de hardcore é a pornografia infantil. Esse material exibe cenas de sexo envolvendo crianças e adolescentes. Em alguns casos, crianças aparecem assistindo a cenas de sexo oral por adultos, Noutras, são violentadas e estupradas por adultos. Noutras, fazem sexo entre si. Esse material ilegal, mórbido, desumano e obsceno está disponível pela Internet até mesmo em servidores estacionados em universidades federais, conforme denúncias de jornais em dias recentes. Grandes provedores têm seções onde usuários podem bater papo sobre sexo e trocar imagens de sexo explícito com crianças, algumas delas tão degradantes, segundo uma denúncia feita pelo Instituto Gutemberg em Julho de 1997, que faz da revista "Penetrações Profundas" uma publicação para freiras.


Associado com a pornografia hardcore está o surto de violência sexual contra as mulheres e crianças nas sociedades modernas onde esse material pode ser obtido facilmente. Estudos por especialistas americanos mostram que existe uma estreita relação entre pornografia e a prática de crimes sexuais. Eles afirmam que 82% dos encarcerados por crimes sexuais contra crianças e adolescentes admitiram que eram consumidores regulares de material pornográfico. O relatório oficial do chefe de polícia americano em 1991 diz: "Claramente a pornografia, quer com adultos ou crianças, é uma ferramenta insidiosa nas mãos dos pedofílicos [viciados em sexo com crianças]". A pornografia está estreitamente associada ao crescente número de estupros nos países civilizados. Só nos Estados Unidos, o número conhecido pela polícia cresceu 500% em menos de 30 anos, que corresponde ao aumento da popularidade e facilidade em se encontrar material pornográfico. Cerca de 86% dos condenados por estupro admitiram imitação direta das cenas pornográficas que assistiam regularmente.


Crentes "voyeurs"? Há boas razões para acreditarmos que o número de evangélicos no Brasil que são viciados em pornografia é preocupante. Pesquisadores estimam que nos Estados Unidos cerca de 10% dos evangélicos estão afetados. Considerando que no Brasil a facilidade de se obter material pornográfico é a mesma — ou até maior — que nos Estados Unidos, considerando que a igreja evangélica brasileira não tem a mesma formação protestante histórica da sua irmã americana, considerando a falta de posição aberta e ativa das igrejas evangélicas brasileiras contra a pornografia, como acontece nos Estados Unidos, não é exagerado dizer que provavelmente mais que 10% dos evangélicos no Brasil são consumidores de pornografia. Talvez esse número seja ainda conservador diante do fato conhecido que os evangélicos no Brasil assistem mais horas de televisão por dia que muitos países de primeiro mundo, enchendo suas mentes com programas que promovem a violência e o erotismo, e assim abrindo brechas por onde a pornografia penetre e se enraíze.


Mais preocupante ainda é a probabilidade de que grande parte desse percentual é de jovens evangélicos adolescentes. Uma pesquisa feita por Josh McDowell em 22 mil igrejas americanas revelou que 10% dos adolescentes havia aprendido o que sabiam sobre sexo em revistas pornográficas. 42% deles disse que nunca aprendeu qualquer coisa sobre o assunto da parte de seus pais. E outros 10% confessaram ter assistido a um filme de sexo explícito nos últimos 6 meses. Uma extrapolação, ainda que conservadora, para a realidade das igrejas brasileiras é de deixar pastores e pais em estado de alarma.

O escândalo envolvendo o pastor Jimmy Swaggart em 1988 revelou abertamente uma outra face do problema, que há pastores evangélicos que também são viciados em pornografia. Uma pesquisa feita em 1994 entre pastores evangélicos americanos revelou uma relação estreita entre o consumo de pornografia e a infidelidade conjugal. Por causa do receio de serem apanhados e de estragarem seus ministérios, muitos pastores optam por consumir pornografia como voyeurs a praticar o adultério de fato, embora alguns acabem eventualmente caindo na infidelidade prática. Quando eu me preparava para escrever esse ensaio, li diversos artigos sobre pornografia, publicados em revistas americanas e européias de aconselhamento pastoral. Muitos deles são abertamente dirigidos para ajudar pastores viciados em pornografia.


Falta de decência - Infelizmente parece que estamos nos acostumando à falta de decência. Tornamo-nos como os pagãos. Temos a mesma atitude que eles têm para com a nudez e a exposição dos órgãos sexuais. A arqueologia revelou que em muitas das paredes dos templos pagãos cananitas, que foram destruídos pelos israelitas quando conquistaram a terra (Lv 26.1; Nm 33.52), havia desenhos de órgãos sexuais masculinos e femininos. Essas são as formas mais antigas de pornografia que conhecemos. Os cananitas aparentemente representavam os órgãos genitais nas paredes para excitar os adoradores e estimulá-los à prática da prostituição sagrada. Os israelitas, em contraste, tinham uma atitude totalmente diferente quanto à exposição dos órgãos sexuais. Em suas Escrituras Sagradas estava escrito que Deus cuidou em cobrir a nudez do primeiro casal após a queda (Gn 2:25; 3:7-10). Havia uma preocupação em que as vestimentas cobrissem os órgãos genitais, ao ponto de que havia uma determinação na lei de Moisés de que o sacerdote deveria ter cuidado para não subir as escadas do altar de forma a deixar que seus órgãos genitais ficassem expostos (Dt 20:26). Cão, o filho de Noé, foi condenado por ter visto a nudez de seu pai. A própria Bíblia se refere à genitália de forma reservada, usando às vezes eufemismos como "nudez" (Lv 18), "pele nua" (Ex 28.42), "membro viril" (Dt 23.1), "entre os pés" (Dt 28.57) e "parte indecorosa" (1 Co 12.23), só para citar alguns exemplos.


Podemos fazer alguma coisa, sim! Acredito que os pastores e as igrejas evangélicas no Brasil podem fazer algumas coisas: ler os estudos e relatórios sobre os efeitos da pornografia feitos por comissões especializadas; pregar sobre o assunto e especialmente dar estudos para grupos de homens; desenvolver uma estratégia pastoral para ajudar os membros das igrejas que são adictos à pornografia; não esquecer que muitos pastores podem precisar de ajuda eles mesmos; criar comissões que se mobilizem ativamente contra a pornografia, utilizando-se dos dispositivos legais que o permitam (uma possibilidade é encorajar os políticos evangélicos a tomar posições bem definidas contra a pornografia); desenvolver uma abordagem que trate da sexualidade de forma bíblica, positiva e criativa; tratar desses temas desde cedo com os adolescentes da Igreja expondo o ensino bíblico de forma positiva; orar especificamente pelo problema.

Não estou pregando uma cruzada de moralização, embora evidentemente a igreja evangélica brasileira poderia tirar bastante proveito de uma. A pornografia é um mal de graves conseqüências espirituais e sociais embora não acredite que devamos fazer dela o inimigo público número 1, como algumas organizações moralistas e fundamentalistas dos Estados Unidos. Afinal das contas, a raiz desse problema — e de outros — é o coração depravado e corrompido do homem, que só pode ser mudado pelo Evangelho de Cristo. Hitler conseguiu em 4 anos banir da Alemanha todas as formas de pornografia e perversão e incutir na geração jovem de sua época a aspiração por altos valores morais e pela pureza da raça ariana. Os motivos eram errados e o projeto de Hitler acabou no desastre que conhecemos. Não acabaremos com a depravação moral somente com leis e discursos políticos. Jack Eckerd, um empresário milionário dono de um negócio que rendia mais de 2,5 milhões de dólares por ano, ao se converter a Cristo em 1986, determinou que todas as publicações pornográficas vendidas em suas 1.700 lojas fossem retiradas, mesmo que isso significasse a perda de alguns milhões de dólares anuais. Quando o coração é mudado as mudanças morais seguem atreladas.

Compilado de Augustus Nicodemus Lopes


Fonte: Revista Fides Reformata


Augustus Nicodemus Lopes, doutor em Novo Testamento, é professor de Exegese do Seminário Presbiteriano José Manoel da Conceição, em São Paulo e Diretor do Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper, São Paulo.

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